15 de setembro de 2015

Carta à Luma

Miga,

Hoje é seu aniversário, mas não vou me limitar a falar apenas o quanto você é uma pessoa maravilhosa e essencial na minha vida (ao final desse texto verá que eu falei até demais). Hoje eu vou falar sobre amizade, sobre nós, já que “nós” somos o motivo pelo qual estou aqui hoje. Considere isso uma carta sobre nós.

Quando eu digo que a minha vida não teria sentido sem as “minhas pessoas”, digo pelo fato de vocês constituírem a minha alma. Uma das minhas certezas é que nesse grupo bem pequeno de pessoas enormes, você, miga, está especialmente inserida. Sinto como se eu não pudesse existir sem você na minha vida (na verdade, como se eu não quisesse existir), já que tudo que importa está incrivelmente ligado a você de alguma forma, e quando não está eu dou um jeito de fazer essa conexão. Isso ficou nítido pra mim quando percebi que não existe nenhuma pessoa importante na minha vida que não saiba da sua existência e do quanto você é importante pra mim, mesmo sem te conhecer ou sendo de um meio completamente diferente do nosso. Todos sabem quem é você pois você anda por essa vida comigo, como eu ando com você. Nossa identidade somos nós.

Isso me recorda o tipo de pessoa que você é, daquelas que quando se permite partilhar a vida com alguém só vem para somar, somar e somar. Falo isso por mim, por tudo que estamos construindo juntas ao longo da nossa amizade, nossos projetos – de comida e de vida –, por tudo que vivemos, por tudo que aprendi, por todas as vezes que estivemos juntas em momentos difíceis e pelo quanto nós conhecemos uma a outra. É muito difícil que eu me abra com alguém o suficiente para que me conheçam a fundo, como eu fiz com você, e sem me arrepender em momento algum. Ao contrário disso, sei cada vez mais que você entende a pessoa que sou e me ajuda a explorar tudo que tenho dentro de mim. Sei lá, acho que não tenho tanta intimidade com nenhuma amiga minha, de um jeito tão fácil, sem ter que “lidar”, apenas sendo do jeito que somos. Acho que não tem ninguém nesse mundo que eu consiga tão facilmente fazer absolutamente nada, a não ser cozinhar e ver séries, e ser um dos finais de semana mais legais e tranquilos que eu me lembro. As melhores pessoas do mundo são aquelas que são felizes principalmente no silencio, sem ser awkward.

É claro que todo esse tempo vivendo juntas tinha que, às vezes, ter desentendimentos e afins, como tivemos, logo no mês de aniver da nossa mizade (poxa vacilo!). É óbvio. Ainda mais sendo uma pessoa extremamente ciumenta e zelosa com todas as “minhas pessoas”, e, por mais difícil que seja, devo admitir os meus eventuais exageros e falta de compreensão com situações que surgem na minha vida e que ainda não entendo, às vezes, pra piorar, surgem através de pessoas que eu amo. Ainda mais eu, que sou compreensiva na maior parte da vida, quando decido não ser vou até o final, o orgulho cresce e tudo fica, sei lá, turvo. E eu sou dura, até demais. O que tenho a dizer sobre isso é que você tente entender é que não é por mal, e sim por preocupação, por não compreender as coisas quando elas não são como acho que deveriam ser, principalmente em relação as pessoas que amo, principalmente quando eu sinto que tem algo errado. Além disso, tudo que eu espero após esses meus surtos é que me perdoe, e que fique tudo bem (vai ficar tudo bem /thais), pois sei que devo confiar nas suas decisões – e confio.

Confio, até demais. Cegamente. Sem pensar duas vezes. Nossa amizade é uma das coisas que eu confio desse jeito. Você é uma das pessoas da vida que eu confio desse jeito. Daquelas que em qualquer momento, sobre qualquer assunto, tá ali. Seja pra trocar confidências, seja para ter ótimas conversas noturnas após longos dias difíceis. Seja até pra começar um projeto doido de comidas só pra visitar a outra amiga querida que está morando far far away. Seja para trocar cartas ou posts de blog, para fazer um bolo de coisas loucas no início de um dos maiores talentos que você iria desenvolver (sou grata todos os dias por esse talento que me alimenta). Seja para ficar incansavelmente trocando informações sobre cabelos – shampoo produtos cortes de cabelo coloração descoloração grupos de cabelo ad eternum – ou para viciar a miga que já está na quinta temporada de Desperate Housewives (I hate you). Seja para ser migas de signos e falar sobre signos mesmo sem entender muito (just for fun) ou para dividir nosso amor por Dave Marido e Jason Marido e nosso gosto musical. Seja para trocar todo conhecimento que a gente vêm trocando ao longo da vida ou para apenas ir às nossas noitadinhas diferentes. Seja para trocar fotos de vacas e galinhas que só a gente entende ou para cozinhar comidas felizes. Seja até para estar completamente ferrada e sem dinheiro juntas. Sempre juntas.

Eu poderia ficar pra sempre falando sobre você e o tamanho do espaço que você ocupa na minha vida e no meu coração, o que me deixaria muito feliz (sabemos que eu falo mucho, como toda boa geminiana). Mas, o que me deixa mais feliz em falar sobre você e lembrar-me de você a cada palavra que escrevi nesse texto é saber a quantidade de momentos incríveis e longos anos que ainda passaremos juntas, saber de todas as pessoas que entraram e ainda entrarão nas nossas vidas, saber de todas as viagens, tatuagens e perrengues que passaremos, mas, principalmente, saber que seremos felizes com as nossas escolhas pra vida, ou que teremos a coragem de fazer escolhas que nos deixem realmente felizes.*

Espero, de todo o meu coração, que eu tenha conseguido expressar nessa carta um tiquinho do que eu gostaria de te dizer nesse seu dia.

Ao final deste, te deixo presentinhos.

Feliz aniversário ❤ (e paraíso astral!!!)

Amote.

*(Isso tudo até casarmos com nossos maridos Dave e Jason – coitados –, sendo uma madrinha do casamento da outra – claro – e ficarmos vovós migas juntas também).

❤ 







12 de junho de 2014

A gente é a soma das nossas decisões

"Só nos tornamos verdadeiramente adultos quando perdemos o medo de errar. Não somos apenas a soma das nossas escolhas, mas também das nossas renúncias. Crescer é tomar decisões e, depois, conviver pacificamente com a dúvida. Adolescentes prorrogam suas escolhas porque querem ter certeza absoluta – errar lhes parece a morte. 

Adultos sabem que nunca terão certeza absoluta de nada, e sabem também que só a morte física é definitiva. Já “morreram” diante de fracassos e frustrações, e voltaram pra vida. Ao entender que é normal morrer várias vezes numa única existência, perdemos o medo – e finalmente crescemos."

Trecho de Martha Medeiros, "O medo de errar"

10 de junho de 2014

Coríntios

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse  toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

4 de junho de 2014

De Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. 
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". 
O vento da noite gira no céu e canta. 

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou. 
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. 

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. 
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. 

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. 
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo. 

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido. 
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo. 

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. 
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. 

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. 
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. 

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido. 
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

15 de maio de 2014

What goes around comes around

"O bom filho a casa torna", já diziam todas as pessoas com motivos suficientes para fazer essa afirmação. Como há de se esperar, eu, como em todo momento de turbulência nessa vida nem-tão-sofrida assim, volto para o lugar onde me expus primeiramente. Para minha válvula de escape que poucos tem a coragem (ou o interesse, sejamos realistas) de vir. Para o meu grito de liberdade. Para o espaço em que não há julgamentos. Para o infinito particular que é notável o crescimento - tanto na escrita, quanto nos assuntos e na pessoa que escreve. Para cá, onde eu posso escrever pontos no lugar de vírgulas como forma de expressão (LICENÇA POÉTICA!). Para onde a alma transborda pelos dedos. A alma e o coração.

Como toda bela desnaturada, volto pedindo desculpas para não-sei-o-quê (blog não é um ser) por ter abandonado esse espaço que já me foi tão acolhedor - e ainda é. As desculpas são aceitas, fui pela vontade e volto pelo coração. E voltei. Pela cabeça também, afinal estou aqui pois a minha não está das mais sãs e lúcidas. Desorganizada é a palavra: eu estou desorganizada. Desorganizada como seu quarto, após você passar 4 horas se arrumando para a noitada, jogar o guarda roupa inteiro na cama + maquiagens e afins, chegar de manhã, bêbada de sono/álcool/etc, jogar os sapatos em algum canto e se jogar (de roupa ainda) em algum lugar que você, ao acordar, não sabe como foi parar ali. Aí você acorda e vê tudo aquilo. Dá vontade de chorar, não há por onde começar a arrumação, você pensa em largar tudo e arranjar um quarto novo e arrumado, mesmo ele não sendo seu. E pra piorar tem a ressaca. É exatamente assim que está a minha cabeça. Tem como arranjar uma nova? Kd?

O que mais me surpreende ao passar por esse momento de pouquíssima sanidade é a falta que eu sinto em falar coisas banais e idiotas. Idiotas de legais, é importante frisar. Simples, divertidas. Como os assuntos que surgem numa tarde-sem-fazer-nada com a sua amiga do coração. Falar da série que você julgou 347 anos por ter segunda temporada porque o cara principal morreu e descobrir que na verdade ele tá vivo (!!!!!!!), do novo barraco da Bey e da incrível necessidade das suas amigas em ir para a I9 e te arrastar junto. Falo isso porque quando surgem momentos assim *confusos* tudo fica mais sério. As coisas ficam sérias. Os assuntos ficam sérios, sempre os mesmos, a ponto de eu me sentir cansativa falando e mais cansativa ainda por fazer outra pessoa ouvir. Sempre o mesmo do mesmo. Aliás, está tudo ficando muito sério e quanto mais eu tento sair dessa "zona seriedade e responsabilidade", mais eu entro nela. Responsabilidades vêm do nada, e ai-de-você se estiver despreparada. Tem que lidar, e lidar bem, pois lidar mal é sinal de fraqueza, imaturidade. Chega uma hora que você mesmo passa a querer seriedade: "tá na hora de ficar sério", "já tenho idade pra esse tipo de responsabilidade" (idade! o que é idade?). Passa a querer definições, rótulos, ocupar seu tempo, mais trabalho, mais dinheiro, mais independência, mais conhecimento, mais! Você é cobrado e se cobra, automaticamente. E quando você satura, pára e pensa, vem o seguinte: pra quê tudo isso, afinal?

Pra nada. Eu quero o que está faltando. Eu quero o simples. Depois de refletir sobre tudo isso, chego a conclusão de que a simplificação tem que partir de mim e as cobranças que eu mesma faço devem cessar e dar espaço ao tão desejado live high. É irônico, anseio tanto sua vinda, mas anseio traz ansiedade, e live high só tem espaço onde a ansiedade não tem vez. Tudo é muito irônico. Logo eu, olhe onde estou, olhe as minhas atitudes, olhe quem eu sou! Olhe. Pense. Agora pare, é o que eu estou dizendo. Pare de pensar, comece a sentir. Comece a sentir o que você precisa, o que você deseja. O que te impede de ter o que deseja? Você. Você é a distância entre o ponto que você está e o ponto que você quer chegar. (Ressalva: quando sua cabeça começa a falar em terceira pessoa com você mesmo, a coisa tá ficando séria. Relaxa!) Às vezes a nossa bagunça mental triplica os nossos problemas, e aquele problemão era só um probleminha que, com calma, seria resolvido. Relaxa e organiza.

Estar desorganizada me deixa ansiosa, mas a vontade de organizar, mesmo sem saber por onde começar, já me deixa mais tranquila. O meio de fazer isso acontecer é ter calma, relaxar a mente, entregar, aceitar, confiar e agradecer. Sorrir, sair, ver o Sol (here comes de the Sun!). O destino que eu quero, e que todo mundo deveria querer, na minha opinião, é o live high, e esse eu quero muito. Só falta o ponto de partida. Todos os problemas ficam pequenos diante de tudo isso e pensar em como é bom estar com a mente livre faz sorrir... imagine realmente estar assim, that's THE dream. Estar bem consigo mesmo é o melhor estado que se pode estar, o equilíbrio entre os quatro pilares: mente, a alma, o corpo e o coração. Adeus drama, venha tranquilidade. O único drama que eu to afim agora é das minhas séries, principalmente da segunda temporada de The Following (Joe, não me decepcione, não morra-de-mentira de novo).

É incrível como esse lugar faz bem. São 02h52 da manhã e eu tô leve, sem cansaço - corporal e mental. Isso é a mente transbordando pelas teclas? É. Finalizo então o meu retorno à válvula de escape, citando a minha imensa felicidade idiota em ter uma foto de perfil nova e com muitas curtidas no Facebook. Parece fútil, e é mesmo, mas eu to me sentindo... artística! com essa foto, como se ela expressasse exatamente o momento que eu to agora, como se ela expressasse meu interior, o espontâneo, o quando-ninguém tá vendo. "Birds flying high / you know how I feel..." Ok, nem tanto, mas é assim que vai acabar, feeling good, living high, do jeito que tem que ser.

Xxxxxxxxxxx (beijos, pros desinformados)

26 de outubro de 2012

CC

"Fechei os olhos e pedi um favor ao vento:
leve tudo o que for desnecessário.
Ando cansada de bagagens pesadas...
Daqui pra frente apenas o que couber no bolso e no coração."

Cora Coralina